me beija só nos dias frios

hoje validei minha existência, um tipo de liberdade que nunca tinha experimentado. não me sinto frágil nem perdida, e é engraçado porque pra mim são sensações muito comuns. quase que diárias. mas com a prática diária do curso de auto-escrita estou melhorando e muito. canto com olhos fechados versos que eu mesma escrevi numa música magnifîca, e minha existência é válida aqui. esse é o momento que eu quero registrar o que eu estou sentindo de fato. assim como no papel, sem apagar muito, apenas sentir. fui. retornei. todos os meus textos não fazem mais sentido.

vou me ouvir em todas as instâncias

tenho orgulho de mim e das minhas pequenas vitórias

por favor, não esqueça disso, tenha aquela delicadeza pra me receber

visionar sufocar querer matar a saudade viver a realidade

grades na minha alma – não sou mais aquela

que prazer INENARRÁVEL CONCLUIR

não quero terminar esse dia

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galos e cerâmicas

(baby cê não quis pagar o preço pra ver)

só acredito vendo. só acredito sentindo. num ano tão conturbado, onde relações permanentes foram tão corrompidas, hoje sento aqui como todos os dias, mas com o sentimento de vitória. de muitas vitórias. pequenas, grandes, minúsculas, monumentais. estou cada dia mais observando minhas atitudes e minhas releituras sobre cada ato – tenho aquilo que não quero mais praticamente estampado nas pálpebras – e consigo perceber o quanto daquela eu ainda sobrou e o que sobrou. o que daquela eu ainda prossegue e o que deve ser enterrado. me solidifico perante as palavras faladas durante o meu processo terapêutico, foi completa a sessão, foi completo o dia, agora choro de alívio.

ainda não concebi, ainda não entendi. não era assim que eu imaginava, foi melhor. foi intenso, eu me joguei, eu vivi, eu sofri, eu fiz sofrer. eu fiz doer, como última atividade da Luiza como primeira pessoa. aconteceu e eu nem vi. sinto dor ainda ao lembrar do que não me pertence mais, dos laços que foram desfeitos, dos abraços de alívio que não vou poder dar em quem eu quero. mas esse choro é de vida, é de vontade de viver. e é tão novo pra mim, não sei lidar com esse sentimento, não sei viabilizar minha felicidade. não sei viabilizar meus contornos, e eu lutei tanto, e eu analisei tanto, e eu cresci tanto. é impossível não notar, sou comedida ao que me é o bastante.

o amor pode não ter sido o bastante, mas o esforço foi o que coube. peço perdão ao meu passado, me retiro da invasão, me coloco no lugar só de observadora. não de protagonista.

me escuto em silêncio, me ponho pra dormir em paz, com calma, com foco que o amanhã seja menos bagunçado, mais claro, mais real.

vou salvar antes que eu desista

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sou roupa que não serve mais

não tenho mais pra quem contar sobre a falta que você me faz, todos (inclusive eu) já se cansaram. sobre todos os abraços e pernas e mãos unidas, pensar que hoje a situação é outra, tem outra pessoa no meu lugar e eu me sinto cada vez mais louca – a famosa ex louca – pra saber como você está, o que você tá sentindo, o que te faz bem ou o que te faz mal, o que você aprendeu a comer (ou não), como tem sido seu ronco de descanso à noite, tirar as remelas do seu olho, te dar banho e passar sabonete nas suas costas que eu tanto amava (ou amo, infelizmente), sobre tudo que planejamos e que você deve estar realizando com a outra, eu não coube em você, meu prazo pra troca foi longo mas você finalmente me trocou (como se eu já esperasse por esse dia), como uma roupa usada, não checou pra ver se eu ainda estava viva com aquele monte de remédio dentro da minha boca e eu, na minha sensatez insana, ir pro hospital sozinha com vontade de não voltar de lá. cada lágrima que escorre do meu rosto é um pingo de raiva que eu deveria ter mas que nem com reza brava eu tenho. calafrios no calor de 36ºC, a vontade de fugir de dentro da minha cabeça e ir pra qualquer outro lugar que não seja ali. você nem deve ler meus desabafos nas redes, minhas cartas devem ter sido rasgadas ou escondidas dentro de uma gaveta que você nunca abre, eu devo estar num lugar tão profundo dentro de você, que acessar é um esforço inimaginável e você não está disposto. até porque seu caminho já percorreu ou outras estradas, sua boca já beijou outras bocas. (e agora beija só essa outra) (será também?) se fosse eu, se eu tivesse tido as mesmas atitudes, como teria sido? se eu já estivesse em outro lugar? queria poder estar nesse lugar que nem existe. nem adianta criar ou viver essas fantasias tão impossíveis pra mim perante as possibilidades. as vezes acho até que desaprendi a escrever com palavras novas, porque tudo que me remete a amor hoje, mesmo depois de ter passado pela vida que passei, vem de você e do que eu aprendi e desaprendi com você. só queria poder deitar nesse peito que não é mais meu, falar que te amo no pé do seu ouvido que não é mais meu, chupar seus lábios inferiores como se fossem frutas direto do pé, beijos nos olhos, não consigo desvincular nem achar uma alternativa pra me levar pra longe do sentimento por você, já que o que está longe de mim é você, por pura e espontânea vontade. com todo direito do mundo.

pareço criança, me sinto criança, tiraram o doce (que nem era tão doce assim) da minha boca e estou esperniando, gritando, com a cara inchada de tanto que eu queria essa porra desse doce. a sua porra doce. essa é a única metáfora que cabe, já que eu já usei todas as outras pra não parecer uma grandesissíma pateta, que é o que eu sou.

se um dia você passar por aqui e ler, saiba que o amor que eu sinto por você permeia todas as searas do meu corpo interno e externo e da minha história, sair de você tem sido uma das tarefas mais difíceis da minha vida, o que eu senti e sinto por você é impossível de simplesmente jogar na lixeira e continuar vivendo. por isso meu drama se baseia tão profundo no que plantei, reguei e colhi vivendo com, por e pra você.

todos os dias as tentativas ficam mais viáveis e reais de superar esse atropelamento, mas tem dias que eu tropeço e caio direto em você sem dó nem piedade, nem com você nem comigo nem com a vida que a gente construiu. uma grande bosta eu como namorada, desculpa por ter aparecido na sua vida e ter virado-a de cabeça pra baixo. mas que bom pra você que desse mal você não sofre mais.

pra mim ainda é difícil descer de um cometa com você sendo o núcleo

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drafts from california

it was love at first sight.
[ok, let’s not call ‘love’ now because the word will get the attention]

friday night: it was affection at first sight. even before they meet, she already liked him. she just heard about him and at the same time she felt something possible. something that her heart could decode through sound waves about him and how close he was from her. she felt maybe it wasn’t impossible bumping into this type of affection right across her wall.

someone 1
she
at the supermarket

someone 1: you already saw your new neighbor?
she:  why?
someone 1: i think you’re gonna like him
she:  really? i’m in america with a gazillion people and i’m gonna like my new neighbor. okay

[maybe she will]
[maybe she won’t]


it was not her priority be worried about it. [right?] neither his, because he didn’t even know her yet. he was living. of course he was. a bike took him to class, a car took him to somewhere else in California. he was a nice guy living his life before this story became a story. but some curiosity and instinct deep down in her body and brain (and heart) took her to pay attention in every single noise that comes to that door beside hers. [or not]

her friend
she
texting

she:  i’m dying to meet someone
her friend: what about your neighbor
she: hahahaha are you kidding right
her friend: who knows
she: are you crazy? life is not that good
her friend: do you believe in destiny
she: no
her friend: haha destiny exists and you’re gonna be fucked up
she- i doubt it

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guilhotina na voz – vol. IV

não me dei a chance de continuar mas me dei a sensação de estar tentando. será que sou a farsante da minha própria farsa?

diga por você. eu já sabia disso há tempos. não à toa estou tendo que me citar num texto que tem meu nome no título, mas você não me deixa atuar, quer colocar começo, meio e fim nas minhas palavras e elas serão as únicas que você nunca conseguirá alterá-las. cê acha que eu sou boba, mas eu sou você e até agora você não se deu conta

– guilhotina

olha como sou perversa. me tirando do próprio mérito de estar em paz consigo mesma. o presente não é tão saboroso assim, tenho me sentido presente e isso é válido. ela não vai conseguir tirar isso de mim também.

me permite falar?

  1. não é hora de discutir. precisamos entrar num consenso básico de ideias
  2. estou disposta a fazer acordos, talvez assim eu consiga chegar mais perto
  3. você não tá tão longe, por isso eu fico puta
  4. eu sei, você sabe, todo mundo já sacou que passou da hora
  5. passou, virou, vingou, sorriu, chorou, bota essa energia em outra coisa
  6. podíamos publicar nossos diários
  7. seus
  8. nossos
  9. ok
  10. quem sabe, preciso de mais mão na massa, menos conteúdo pra mente
  11. eu já disse isso tantas vezes, sobe um ódio
  12. sem ódio
  13. pequenas doses homeopáticas de ódio em cada gota de amor, prossiga
  14. eu sei

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guilhotina na voz – vol. III

o que os outros pensam de mim, o que eu mesma penso de mim, o que eu me levo a pensar, o que é carne, o que é belo, o que é estético, o que é o fim, e os inícios que se iniciam diariamente e me permitem a abertura desses olhos, um no meio da testa, outro no meio do peito, outro no meio do sexo, outro na sola dos pés, você pensa que me atinge mas só eu consigo me fazer movimentar o interior e o exterior ao mesmo tempo, seu controle é nulo, só eu sei, you can’t save you from yourself, i can’t save me from myself, e tudo isso se encontra numa corrente de cachoeiras invertidas e olhares de canto de olho, não quer assumir se arrume, não consegue me ver sem ser um buraco?, sou um buraco completo, sou o buraco em sua própria essência de não ter fundo, seja o buraco da terra ou o buraco de minhoca, ninguém fica, SOU PASSAGEM, sou ponto de ônibus, sou ventania que deixa os cabelos esvoaçados e eu nem tenho cabelo, nem os outros, e quando eles tem não posso nem chegar perto, quem sou eu pra chegar perto? me ignoro. todos me ignoram, almejam mas ignoram minha sinceridade, meu corpo entregue, minhas palavras sem freio, meu carro desgovernado, meu acidente, eu sou meu próprio acidente e ainda não reconheci todo o estrago, estrago tão antigo, impossível de reparar, quem é você que entra em mim cheio de coragem mas pra soltar uma palavra de afeto é cheio de medo, me incomoda a liquidez, a normalidade, me finja demência, corra de mim, mas não me faça de besta, não fale nas minhas costas, não beije minhas costas, me elimine da sua lista, me faça confortável ou simplesmente fuja de mim, assim como todos, meu amor sobra, tenho amigos, animais, experiências e momentos muito mais dignos do que a sua memória, uma pena você se achar tão memorável, registro você com exclusividade pra poder te eliminar do peso que é te carregar dentro de mim, todos vocês, com as mesmas características, os mesmos defeitos, repita comigo: O PROBLEMA NÃO SOU EU. é você, é tudo que você representa e não tem coragem de mostrar, todos vocês, medrosos, mentirosos, desonestos, oportunistas e que no fim, me consideram um buraco pra vala que vocês carregam. carreguem sozinhos. não aguento mais carregar fardos e acreditar que eles são meus, assuma todos os b.os que você construiu até aqui, faça valer sua estadia, faça valer seu estado, sua palavra. cheia de ódio e ainda espalhando amor, como eu existo? como existir dentro dessa bola violenta, aquelas bolas de circo onde as motos andam e não se colidem, isso é absurdo. tenha o futuro que quiser, não me inclua nele se nele existir esse mesmo tipo de mentira que vocês conseguem transmitir pela saliva, pela palavra, que vergonha, sinceramente, de mim, de acreditar em palavras que não são minhas ou não se limitam à arte. me irrita me colocar num lugar de observação quando meu lugar é de protagonista, aguente o tranco, se veio até aqui, segura a bronca, infelizmente nenhum de vocês nunca me suportou o suficiente pra entrar em mim com veemência, e eu nunca fiz parte dos sonhos e planos, nem adianta me dizer que sim, eu jamais vou acreditar em palavras, chega de acreditar ou de esperar, é vergonhoso me dispor a situações onde me diminuo pra entender, sou grande o suficiente pra analisar e gritar a minha conclusão, e bem foda-se o que vocês acham, sempre foi assim, deve ser por isso que vocês nunca ficaram. nunca aguentaram a minha verdade, nunca aguentaram o meu conforto em amar, o meu conforto em incluir vocês nos meus planos de futuro. nem no presente eu consigo mais. não sirvo para nada além de prender o pau de vocês com a minha buceta apertada, nada como um gemido como puta que vocês já se abrem e confundem toda a cabeça da mulher. da mulher que sou, das mulheres que eu conheço, das mulheres que conheci, das mulheres que fui. acredita isso? bizarro. uma situação inadmissível pra quem já viu tanta coisa acontecer, de perto e de longe, não sou melhor que ninguém, mas sou melhor de quando percebi que vocês nada mais são do que o meu atraso, o meu retrocesso, onde eu me perco e dificilmente arrumo um caminho pra voltar. tantos anos, tantos meses, tantos dias, e nada de reciprocidade, enfia no cu tudo aquilo que vocês me disseram esse tempo todo, desde o primeiro dia, desde o primeiro amor ou o primeiro beijo no dia oito de agosto de 2004, e agora que cheguei em casa começou a chover, e agora eu entendo porquê. sou excesso, vomito, uso droga, falo demais ou calo demais, lapsos de realidade ou de achismos baseados na realidade, tudo observação de uma vida baseada em observação e ação perante ao objeto observado. amanhã que chova o dia todo. que eu me atrase, mas que eu perceba que a minha vida vale mais que esses minutos desgostosos da vida quando me situo em padrões que AINDA BEM não entrei, ou não participei. que eu consiga fugir de toda enrrascada que me coloquem, que eu prossiga sendo eu, sem sombra de dúvidas, sem medo de falar o que sinto, sem medo de sentir se eu sentir, e entender que o sentimento vai muito mais além do que eu simplesmente acho que é sentir. temporal. até parece que o amor não deu, até parece que não soube amar. eu soube. eu sei. eu sempre vou saber. eu sempre vou entregar tudo que é meu, quem me ensinou a amar dessa forma? nem se eu retornar a qualquer infância que eu tive, foda-se a infância que eu tive. olha o hoje, o presente, o momento, a chuva, a voz, a vontade, o digitar, a música, a experiência, o registro, a memória, o prazer de estar viva nesses pequenos momentos que divido com quem eu amo e me trata bem. dança contemporânea com a tami no meio da sala. café da manhã com a luz. saber me dividir entre as mulheres que eu amo. amar mulheres, valorizar mulheres, ouvir mulheres, ser mais mulher enquanto vivo esse mundo de me entregar pra homens totalmente desprovidos de si, desprovidos de bom senso e de profundidades, infelizmente é assim que vejo e assim que não consigo limpar a visão. ninguém me faz acreditar ao contrário, toda expectativa é quebrada, só mulheres conseguem me orgulhar ao máximo, só eu me orgulho das minhas ações, porque são exclusivamente minhas e válidas, todas as minhas tentativas de sair do fundo do poço, de ser o próprio cheiro do ralo. sou mais. fui mais. sempre sou. valorizo o que sei que vou conquistar, a minha dissimulação vai além até do que imaginei, sinceramente. chega a beirar a inocência, chega a beirar a ingenuidade quando me abro e em minutos, sou devastada por um comentário ou uma ação ou um retorno totalmente controverso do que eu imaginava. bizarro, novamente. crescer não tem a ver com maturidade, tem a ver com a caralha da interpretação e do valor que dou pras coisas, isso vai me afetar mas vai me afetar de outra forma, estou me construindo totalmente nova, novos materiais de construção, novas formas de me relacionar, chega de ficar em silêncio quando o grito é prioridade, e chega de gritos quando calar se faz necessário. tem coisas que sinceramente não consigo e não vou e me nego mesmo a explicar. uma vida seja ela de 24, 23, 25 primaveras (ou invernos, se eu for citar as tensões tão fracas em vocês, jovens homens), nada mais justifica atitudes como essa. não é burrice, não é dar de loko, é simplesmente ser vocês. falta pensamento, falta direcionamento, falta respeito, falta empatia, falta comunicação, falta sinceridade. existe falta em cada pedaço da relação com vocês. ela nunca é completa, vocês não permitem nem a entrada, nem a saída, nem o processamento de informações, agora só consigo imaginar vocês como bebês que gorfam o leite, a única fonte de alimento. não suporto ser tão alimentado por vocês. nós que carregamos essa porra nas costas e vocês sequer conseguem sugerir uma massagem. percebo que me tocar é muito mais viável e mais fiel a mim do que cada movimento que vocês fazem com esse corpo todo duro, todo interessado só em penetrar lugares e os meus (nossos) buracos. eu novamente me posiciono como buraco e como falha na matrix, na minha matrix, na sua e na de todo mundo. queria sumir e contar toda a minha história de novo sem essas amarras, essas trancas, essas portas todas carcumidas por cupins, vocês são a praga, vocês desencadeiam uma versão completa de pessoa que não somos, coitadas de nós que acreditamos simplesmente no ser humano sem um pênis. maldita sociedade fálica e patriarcal, eu tenho que todo dia me moldar pra encaixar em você ou te desconstruir pra poder entrar, porque você não deixa, nunca deixou, vou te superar antes do esperado e crescer com essa relação. e não permitir que outra me tire o eixo. o eixo sou eu e isso que faço com direção, cada palavra um sopro do que de fato eu quero dizer, não quero me prender a simplesmente digitar e descolar de todo isso que me cola. sou fita dupla face, sou a caralha da fita isolante há anos, guardo meus remédios pra quando estiver sozinha. tomo atitudes (ou quero tomar) totalmente contrárias, é o teste, já diria criolo. já diria eu, em todos os meus lamentos masculinos, esse socorro de me tirar daqui, essa receita mal feita de mim fazendo parte de um casal que nunca vai caber, porque eu sou grande demais pra caber em alguém. se um dia essa pessoa aparecer, vou me sentir tão confortável que não terei medo de escrever que mudarei de ideia perante a ter um filho. por enquanto, essa ideia é simplesmente inexistente. que eu morra aos 45, mas não tenha que me relacionar com homens nesse nível novamente. com homens, no geral. como promessa. ou de fato, conseguir expelir a expectativa de dentro de mim, achando que algum deles conseguirá me deixar confortável ou me decifrar por querer, não porque eu pedi. i’m a flirt. não tenho nem intenção mais de usufruir. por mim, sumiria todos. TODOS. você sabe de quem eu tô falando. você sabe muito bem de quem eu quero falar. você sabe muito bem quem foi o personagem disso tudo. a única pessoa que vai ler isso tudo sou eu. eu, Luiza. guilhotina não pensa, só corresponde a mim. queria que escrever fosse infinito. não queria parar nunca. queria que meus dedos estivessem colados e só correspondessem esses meus pensamentos controvérsos e puro verso de gente mal amada, cheia de dores incuradas, sou completamente doente por uma doença que eu criei, eu mesma me injetei. percebe? percebe toda a contradição? eu percebo, eu vejo, eu vivo, eu sinto, eu leio, eu vivo, eu vejo, não tem como mudar isso. essa é a minha verdade não-absoluta, porque nada nessa porra é absoluto, a não ser o calor infernal do núcleo dessa porra de planeta que eu moro na crosta.

guilhotina

fuck them all

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devil in a new dress

morde assopra lambe beija geme grita reclama cozinha some provoca

não sei o que posso esperar e essa insegurança que calha nos piores momentos

eu quero sumir e somar toda

quero cuspir e engolir ao mesmo tempo

vomita essas palavras longe de mim, eu com certeza vou em busca das minhas

secretamente digitadas e naturalmente datilografadas com calma

tudo com calma, na mais calma no mundo, usando meu ódio com calma

doses homeopáticas de ódio em cada gotícula de amor, perceba

meu ventre dói, meu frio é interno, uma hora ele te pega

na minha cabeça é melhor ficar longe de tudo, continuar longe

mas já amassei meu coração de novo com as minhas mãos, tão conhecidas por este mesmo ato

uma massaroca esburacada mole, sem comentários para os limites excedidos

eu devia vir com o aviso como o do cigarro “Não existem níveis seguros para consumo destas substâncias” que no caso, sou Eu

não existe nível seguro para meu consumo, para minha leitura

eu sempre vou estar difundida, ou ser confundida, ou ser usufruida

sem limite sem estímulo anterior sem futuro sem interesse precedente

sem fincar os pés em mim, sou passagem, gosto assim, mas cansa

giovani cidreira diz que meu submarino sou eu, NUNCA ESQUECER

ISSO NÃO É DETALHE: ISSO NÃO É UM TESTE

meu submarino sou eu

e porque quando todos vão embora
eu me tranco aqui, e tudo bem

e t u d o b e m e a c a l m a q u e f a z t u d o f i c a r b e m

esqueci do miosan mas lembrei do clonazepam

doses homeopáticas de calma e pausa, minha leitura por mim

converso com os olhos, tanta conversa, tanta palavra dita

eu fico indignada como minha forma de reluzir dentro do quarto

minha poesia é meu trabalho, que fardo ter que escrever

escrevo por sobrevivência, abstinência, insistência, inerência, sofrência

todos os ências e ismos e amos e gerúndios redondos

cíclicos

criei os mundos só pra devastá-los, ser meu próprio Deus e o Diabo

na terra do meu Sol

todas os espaços captaddos pelos espasmos

e minha conduta construindo um interior mais limpo

criando novas lembranças

fiz até uma animação nessa minha brisa intensa misturada ao sono

quem sabe faz ao vivo

etsou escrevendo ouras coisas nesse fundo banco, com letras fluorencntes

que són eu vejo

vendo tudo ao contrário de olhos fechados

cenários facilmeente montáveis e lofi

lowm my file

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naturalmente datilografado

nos teus olhos velhos moldes de pinturas renascentistas

nos teus cabelos com cheiro de afeto e enrolados como uma coroa

nos teus dedos deslizando por dentro do meio das minhas pernas

nos teus dentes brilhantes feitos de diamantes lapidados

eu me entrego

eu não me nego a entregar meu templo em cada parte da tua pele

jorrar de mim para você as pulsões de vida e de carinho em cada poro

abrir os olhos e enxergar além do que me permito ver

todos os raios de sol direcionados à tua derme

olho pra cidade e cada janela acesa é sorriso

cada sorriso é anterior ao escuro que me vejo quando vou dormir

e descansar todas as ideias e poderes que vem durante o dia

será que a verdade seria tão dura a ponto de me ferir novamente?

o mergulho no profundo já é meu esporte favorito

sua maré me espanta, sua ressaca me afasta

minha compreensão vai além dos fatos

os acasos me agridem antes de me beijarem de língua

e eu respondo

cada toque é uma urgência ferida

complitude no tato

sinto sua força apaixonada em satisfazer meus desejos e corresponder meus gemidos

sinto sua distância fresca ao me libertar dos teus braços e olhares

te seguro dentro de mim pra não fugir

mas tuas asas são grandes demais, não as vi crescer

quem sou eu pra te convencer?

o contrário já se mostrou tão óbvio, não sei como ainda insisto

algemada na cama mental que você prometeu deitar ao lado

despeço das palavras que foram minhas únicas acompanhantes a todo instante

gostaria de garantir tudo isso olhando

pra você

de novo

dentro deste novo contexto

adivinha o que eu quero com você

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guilhotina na voz – volume II

Luiza se sentiu abalada, mas sempre piscou e balançou a cabeça pra voltar com os pensamentos presentes. Conseguiu se exercitar, pular corda, subir escadas. O esforço físico faz parte dos gatilhos e das formas mais cruéis que eu pude presenciar pra ela. Um drama sabendo que o corpo dela é firme, forte, tinha tirado uma foto há poucos dias de costas, sentando em cima dos pés e joelhos, se achou grandona – uma forma de achá-la uma grande gostosa – costas largas, braços fortes e as nádegas firmes e fortes. Ficou feliz. Fiquei feliz. Foi engraçado. Está sendo engraçado retratar esse momento agora. Ela é pequena, um metro e cinquenta e seis de altura, mas tem gorduras localizadas, na barriga uns velhos pneus junto a cicatriz em cima do umbigo. Famosa essa cicatriz em cima do umbigo. O último namorado a citou numa briga e desde então já pensei em mil coisas que se relacionam com o fato dessa cicatriz estar ali, de como foi o cuidado de mim quando tive que fazer a cirurgia – um ano de idade -, Tatiana gostou muito dessa informação e até hoje nas sessões, às vezes traz isso à tona ou ela mesma traz à tona na tentativa de entender como foi a primeira infância e buscar as raízes. Tatiana e suas citações de Winnicott, complementando um pensamento, aquilo é a psicanálise em sua mais pura essência, aquilo dá vontade de viver. Terapia é engraçado, como a fala e a linguagem tem seus meios de se fazer entender. Luiza sonha demais, brilha demais, chora demais. Essa transição toda nada mais é a infância da vida adulta, aceitar todo e qualquer tipo de visão que ela tem por ela mesma até aqui, essa loucura toda que foi viver até o presente momento, aos 28 anos enquanto escrevo isso. Demorei pra assumir meu papel, ainda demoro pra tomar conta, mas meu lugar é cativo. Chego e não demoro a ir embora, mas faço o serviço bem feito.

Por esses dias, Luiza se expôs mais. Está mais aberta, está tentando firmemente não se enganar. Eu não deveria mesmo deixar esse tempo todo passar sem tomar uma atitude. Sai uns refrões meio fracos, ouço músicas incríveis e inesperadas, torço muito pra que tudo não sufoque mais ninguém. Parece que por aqui, voltei a ser menos descritiva e mais atacada – peço desculpas, mas tenho a sensação de que não estou entendendo nada. Aí acabo de lembrar nos quatro tragos que dei no baseado e que estou chapada. Qual a chance da metástase acontecer? Dissociação, talvez, também. Desconfigurei o teclado, tenho dificuldades nos acentos e sinto minha pele totalmente hidratada por mim e pelo pouco sol e pouco suor que fiz hoje. Luiza tomou um dos melhores banhos, conseguiu encaixar seus braços perfeitamente na parede onde a água só caísse aos ombros e atrás no pescoço. Aquele momento era todo meu, dela, nosso. Sempre repetirei que o banho e o abraço da Benedita (já cheguei a citá-la aqui, certo? Minha cachorra? Mulher da minha vida?) são as únicas coisas que me abraçam de verdade. (Bom adicionar os legumes assados da Bruna também, nessa última fuga da quarentena pra casa dela, a comida fez carinho no estomâgo de um jeito que fazia tempo que não sentia.) Pequenos cuidados e detalhes que só consigo reparar com cuidado também, e sentir o que é pra ser sentido. Talvez a pior doença de Luiza não seja nem os distúrbios criados, mas a famosa expectativa sob algo que ela preze bastante naquele instante. expectativa, doença famosa, doença venérea, dos contos de fadas, das narrativas milhares que eu criei dentro do espaço da escrita e Luiza se rendeu a ela fácil demais, nem sei dizer há quanto tempo a expectativa corrompe os desejos e as impressões dela perante ao mundo vivido. Ou a realidade. Ou a narrativa vivida e só. Pra viver o presente, como é tão exigido assim por meio da vida, tenho que estar intacta, blindada, fixa no eixo e transgirando o objetivo. Sou o próprio globo terrestre, o próprio Planeta Terra, a própria galáxia, e olhe aqui pra dentro de mim tem mais! Fixamente, olho nos meus olhos durante uma passada no espelho e vejo tanta coisa, é como se eu me lesse, com os olhos, hostis muitas das últimas vezes, mas tão cansados já do que viu. Quer novidade. Todo mundo dentro desse corpo celeste e celestial quer ver tudo por outro ângulo. E depois por outro, e por outro, e por outro, e por outro – e sempre com novos sofrimenos no caminho. Novos prazeres e novas possibilidades de se viver mais e melhor. Esse tipo de escrita clean me incomoda as vezes, como se eu ainda quisesse agradar a Luiza e dar a ela algum tipo de suporte. Infelizmente, essas são as palavras digitadas hoje e assim serão e assim ficarão de memória pela minha negação. Minha negação do nosso encontro, hoje Luiza já fez o suficiente, não posso mais exigir nada dela. Amanhã é outro dia. 1LUM3 está descansando, está vivendo o luto e festejando e organizando o próximo lançamento. Também fez por onde. E sobrou eu, me sobrou aqui, estou feliz de ter tomado o comando e poder arder onde eu nem lembrava. Me deu direção, me colocou firme de volta. Palavra gasta, palavra casta, palavra me custa o dobro e não vou gastá-la mais com inconsequências. Já avisei a todas, Luiza muito bem avisada e chega desse negócio dos pensamentos que não me suporto. Carrego dentro dessa carcaça essa quantidade de personas e pensamentos e pensamentices e pensamentões e coisas tão bonitas vistas prontas não é à toa. Faço referência e reverência a mim.

Qualidade de vida, cenoura para o jantar. Sem vontade de nem pensar em comer. Luiza se alimenta de fumaça e expectativas e ainda não morreu. Impressionante. Muito cigarro tem gosto de situações ou lugares já visitados, isso é outra coisa engraçada. Gabriela, a irmã, confessou que ela tem mesmo uma memória seletiva. Faço seleções de memórias, veja só, o que o Facebook faz com os posts eu faço ao vivo. Integro a vida real com a virtual muito fácil, já que já citei acima a facilidade (ou na verdade, a praticidade) de carregar tantas personas e personagens por aí. Até em sonho!

Comunicação literalmente por sinais de luzes, telepatia e esperas prolongadas. Aguardando ansiosa o mês de Julho, sem dizer o motivo. Talvez eu esteja me aproximando de um equilíbrio, um pouco confuso, mas o mínimo equilibrado. Sem sofrer pelas entranhas, deixar isso pro palco da 1LUM3. A gastrite e o refluxo persistem, cada cigarro é um dedo na ferida. Propositalmente. Virei devedora, me senti adulta ao receber e-mails do Serasa. De empresas de finanças. Vejo o futuro brilhante. O presente nem tanto, mas de vez em quando, caem algumas gotas de suor do céu, sou Eu trabalhando pra não doer tanto quando cair. Ou quando chegar. Ou quando acontecer.

O que rege agora é só a vontade de continuar, ainda bem. Nunca dei tanto espaço pra mim como hoje. O presente é o meu atual estado de espírito, cansei de me atrelar a canções tristes demais ou intensas demais. Posso ser menos e mais ao mesmo tempo, quem sabe até ao contrário. Hoje não tenho a atenção da droga, talvez o Datena meu parceiro tenha sido preso, cansei dos pacotinhos de 20 reais da São João Batista. Agora me mantenho hoje no cigarro, na fome, no sono que vai se aproximando mas ainda muito cedo pra deitar. Vou ler algo. A atenção foi essa hoje. Até o próximo encontro.

 

com amor e só ele,

guilhotinha

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