de primeira

é tudo mentira. não serve pra nada. não há objetivo que caiba. que tenha sentido. é só esperar pelo dia que não habitarei mais esse corpo. até lá não importa. e depois também não. tudo volta porque só há essa verdade. estou seca de motivos, porque tudo vai ter sua hora de ruir. as mortes, os traumas, os fins, dá no mesmo. só me(nos) resta esperar. é mentira que eu queria estar em outro lugar, mas é mentira também que não queria estar aqui. que não me sinta ainda m ais densa a cada certeza constatada. é só olhar pra mim. sou a prova viva da pessoa engasgada de afetos. clichê, (não tão mais)jovem esgotada, entregue à qualquer experiência que possam lhe prover. encostada, falsa moralista, rudimentar, as mesmas armadilhas over and over again. não tem história bem amarrada, sou a junção de todas as sobras. não há poder nas minhas mãos, nunca houve. o ressentimento mora em cada pedaço. falta vocabulário. sempre faltou. porque é tudo mentira. foi só fingimento pra conseguir seguir. temáticas repetitivas, me cansei. me acho um absurdo desperdiçado, me sinto inválida, corrompida, invadida e atravessada. por histórias que não eram(são) minhas, por coisas que eu criei, por um sistema que não me permite nada além de me transformar num robô ou em poeira.

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