demanda, alienação e desejo

eu só queria que você me quisesse
eu só quero que você me queira
não leve a mal

meu desejo estraga tudo que vê pela frente
nunca satisfeito
nunca o suficiente
me afasta do que me surpreende
do que me apetece
do que me abraça e me beija
não compensa
meus crimes não compensam
era paz naquele peito
não podia ser real
pedi perdão pra mim por ter voltado a sentir
peço perdão novamente por ter permitido sentir
os fins
são sempre
os mesmos
desistir sempre foi a ferramenta mais fácil
não tenho mais força pra lutar com o meu desejo
aparentemente só luto contra ele
e eu ainda espero
que algo magicamente se resolva
que alguém magicamente me salve
que ele magicamente volte
que rapidamente passe
ou que lentamente tudo se acabe
num piscar de olhos

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de primeira

é tudo mentira. não serve pra nada. não há objetivo que caiba. que tenha sentido. é só esperar pelo dia que não habitarei mais esse corpo. até lá não importa. e depois também não. tudo volta porque só há essa verdade. estou seca de motivos, porque tudo vai ter sua hora de ruir. as mortes, os traumas, os fins, dá no mesmo. só me(nos) resta esperar. é mentira que eu queria estar em outro lugar, mas é mentira também que não queria estar aqui. que não me sinta ainda m ais densa a cada certeza constatada. é só olhar pra mim. sou a prova viva da pessoa engasgada de afetos. clichê, (não tão mais)jovem esgotada, entregue à qualquer experiência que possam lhe prover. encostada, falsa moralista, rudimentar, as mesmas armadilhas over and over again. não tem história bem amarrada, sou a junção de todas as sobras. não há poder nas minhas mãos, nunca houve. o ressentimento mora em cada pedaço. falta vocabulário. sempre faltou. porque é tudo mentira. foi só fingimento pra conseguir seguir. temáticas repetitivas, me cansei. me acho um absurdo desperdiçado, me sinto inválida, corrompida, invadida e atravessada. por histórias que não eram(são) minhas, por coisas que eu criei, por um sistema que não me permite nada além de me transformar num robô ou em poeira.

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mAd

“são nossas noites, todas que eu sem antes saber, havia definido como minhas – foda-se o jeito que eu vou escrever, [foda-se]. gosto de falar foda-se quando o que eu mais queria era ser fodida por ele. as cores lá fora estão lindas. vejo tudo com mais gosto. doce. deixo rolando como deixei nossa ligação durante o tempo todo, vamos sobreviver a este domingo juntos. te desenho pelas linhas mais toscas que tenho, rogando que elas possam soar piegas (porque é isso que elas são) tudo que eu falar agora vai soar. [foda-se foda-se foda-se foda-se] vim aqui sem objetivo e vou sair daqui sem saber o que vou ter desejado escrever. não perco hora de sono à toa, não mais. tempo investido em sentimento. em processo. em viver o que me proponho, you know i don’t mind if i rhyme with me falling for you – that’s what i will do. tentando entender, buscando até a última gota da lata e a última gota da chuva o lugar que consigo te encontrar por trás dessas conexões luminosas à distância e papéis engavetados. [foda-se] um cigarro depois da foda. questiono se devo compreender tudo como um sinal, como parte do sinal, como começo, meio, fim. quero saber cada vírgula que me direciona. quero saber se cada vírgula me direciona. ou me pausa mais do que me dá ritmo. o que eu sei bem é que me arrepia. e o que eu sei mais ainda é como lidar com o /tempo/ que eu quebrei de propósito, pra ter o que continuar escrevendo. não consigo querer parar. não quero parar de te querer. não quero parar de me querer e de me querer com você. sinto que preciso engolir você e o dicionário inteiro antes de digitar agora. mas uma hora eu preciso me render. ao sono e à você. eu sou isso bem pior do que você tá vendo, a guilhotina não tem dó, é 100% veneno. rimos ao final. e [foda-se].”

esse fragmento é uma menção honrosa à todas as drogas existentes

agradecimento especial a luiza do passado com essa playlist maravilhosa no spotify

inspirado no meu bem c. b.

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uma semana depois

pra não fugir do ofício, não fingir que só funciona quando é no papel, vou digitar. ainda não me debrucei nele para dizer o que senti e o que sinto depois do lançamento. talvez a apatia tenha me tomado numa proporção desconhecida, ou talvez eu só esteja mais atenta as coisas. eu tenho estado atenda ao meu corpo, aos meus incômodos, a tudo que me remete àquele lugar que pra mim hoje totalmente inacessível. não quero habitar mais as sombras, a penumbra que me dá medo, a ausência da possibilidade. quero respirar ao ar livre só. eu só quero respirar. engraçado algumas frases me fazem chorar logo de primeira, quando escrevo. não quero nem escrevê-la novamente pra não dar continuidade ao choro. essas são as cores do meu ao vivo que sempre direcionei minha escrita. tão bagunçada, coitada, não sabe pra onde vai, nem do que fala. só remete ao fascínio da forma das palavras como os sentimentos que carrego agora na garganta. minha ferramenta é essa, é assim que as coisas funcionam por aqui. cada vez mais parecida comigo mesma, de fato. de uma pessoa que suporta a vida sem definhar, que se retroalimenta de significado, que faz e fala por prazer, não por desespero. tudo que eu escrevi até aqui parece que faz mais sentido agora, do que no momento em que escrevi. mas lembrando que as coisas nunca perdem o(s) sentido(s), não pra mim, não dentro da famosa narrativa.

e que belíssima narrativa, diga-se de passagem. que belíssimo personagem criei de mim mesma. criei monstros e anjos ao longo desse tempo todo, só agora busco ver a verdadeira face dessa que escondi tanto tempo de mim. quem, se não eu.

dá pra discorrer sobre isso de milhares formas, mas prefiro conceber à mim, e somente eu, guilhotina, o prazer da palavra escrita. a 1LUM3 não consegue escrever sequencialmente. a Luiza está preocupada com outras coisas. mas eu… isso aqui é meu. se eu juntar todas as sequências de textos, como faço com fotos, eu consigo me ver transbordar muito mais agora. eu me transbordo na sabedoria de existir mediando a dor, equilibrando o desequilíbrio literalmente na palma das mãos. alcancei um nível de maturidade que só apareço pra constatar a realidade, ao invés de me usar em prol da negação de viver me sendo. I GOT YOU. I GOT ME. saquei todo o movimento de instigar tudo que condensei vivendo até agora em calma pra lidar com o minuto seguinte ao perceber o minuto em que estou. finalmente entendi que o presente é tudo que tenho, então é dele que eu vou usufruir. tudo me é tão precioso que o pensamento não aflige pra machucar. ele só se mostra real. sempre coube da maneira que coube. acho que traduzi minha história fielmente, e somente eu pra garantir isso. vejo, sinto, saboreio, admiro. o sabor da minha vitória é ameno. é confuso, mas é o melhor sabor que já senti.

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era pra ser só a terça da vacina

e ainda choveu no fim. o cara na rua tocando racionais, eu não suportei tanta causalidade e desabei como se fosse perder tudo. senti facadas no peito enquanto eu chorava no banho, eu mesma me mutilando ali escorrida em tudo que eu escolhi pensar. (tento) respiro fundo ainda com vergonha de ter recebido aquele momento paralelo com tanta vivacidade, ainda estou com a sensação de corda no pescoço enquanto escrevo. insisto em relevar e só deixar ir, que a quetiapina vá fazendo efeito e eu só vou abaixando meu olhar porque não aguenta mais me ver nem dentro nem fora de mim. não me suportei. sucumbi, foi a palavra que usei. eu tive certeza por poucos minutos que não aguentaria mais. almejei na última sessão e conquistei a medalha, saí vitoriosa da minha guerra. mas não compensa mais, não adianta mais, não consigo e nem quero pensar em possibilidades que possam modificar esse estado. imprimi aquilo nas paredes da minha cabeça, meu corpo não acompanhou tanto movimento num dia só. eu nunca me dei paz por completo. nem quase por completo. permaneço sem perspectiva de um futuro muito longo, acho que justamente por conta dessas crises. agi da melhor forma, até que fui delicada comigo, mas ela me rasgou. quero sentir amanhã quando acordar qual será a sensação.

e ele continua sendo o núcleo de tudo

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my own girlfriend as usual

sigo querendo escrever tanta coisa, buscando registrar as coisas de outra forma, me manter atenta não é sempre me manter alerta. controle não é paz. bizarro isso ser uma letra do jay vaquer e a frase que eu colocava no meu orkut pra parecer mais culta. não me desconheço, sei bem das coisas, e tenho feito questão de me propor a ser a mais diferente possível, mesmo com algumas coisas ainda limitando minha passagem do passado pro presente. não busco mais compreensão. uma pena se você não me entende. uma pena mesmo. eu tento – com todas as letras – traduzir meus sentimentos com a maior das minhas vontades, com o maior dos meus atos: escrever. me ver em palavras, trazendo pro tátil – ou audível ou em leitura – é a única forma de me ver. de me enxergar. se você me ouve, me lê – hoje – você só está fazendo isso porque estou me traduzindo. e trabalhando em escrever menos a palavra eu. quem me sinalizou isso foi o jornalista que eu era fã e me convidou pra participar de um edital que me proporcionou um resultado incrível. é mole? “random kkkk” se tem algo que eu NÃO sou, meu querido ex, é aleatória. tudo muito certeiro, acompanhando e direcionando minha narrativa pra onde eu consiga tomar uma água fresca e rabiscar umas palavras em paz. como sempre e sem falhar: qualquer hora é hora, qualquer lugar é lugar.

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this girl is on fire

na semana do meu aniversário

após uma discussão sobre um fato em 2017, referências, validação, (des)consideração, discordância e valoração dos momentos, cuidado, vontade e estímulo, pacto de futuro, intensidade do sexo da noite e dificuldade de dormir, teoria e prática, OBVIEDADES, sexo como comunicação, na sua grande maioria – sempre desconexo – amizade com mulheres, rancor, família & liberdade, ciúmes materno, as pessoas me conhecem?

“será que eu estou tão errado assim?”

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notes

e eu novamente feliz por me sentir escolhida. eu fui a escolhida da noite, do dia, eu sei que ele também é a minha escolha nesse aspecto.

me pego escrevendo no uber em direção a alguém e me encontro novamente preenchida momentaneamente por um vento no rosto, com a decisão tomada, o coração na mão e as drogas na bolsa. loucos ou não, vou repetir: serei sua sem amarras. serei sua até o último instante de tédio da vida, de morte morrida, de outra paixão. mas serei sua, sempre, meu pedaço que vive dentro de você. enquanto isso permito o desejo me apossar – amarrada. por ele, por nós, por cada fração de segundo que passamos juntos.

volto entregue. me doei totalmente, todos os buracos, ouvidos, boca, sexo. o cansaço passa ao mastiga-lo mentalmente, eu olho e sinto cada papila de minha língua tocar o seu eu. me delicio com a sua estrutura, seu desenho, seu instinto incontrolável mas que facilmente se submete. volto querendo ficar, e se fico sei que preciso ir. rios de palavras, fluxos intensos de correntes alfabéticas, não defino nem entendo. acontece.

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